Das redes à rede

No emaranhado de redes em que nos encontramos, criamos mais uma! Com prazer, apresentamos a rede cibernética que vai te levar à rede que te embala ao ler um livro, ou que te transporta para dentro de uma aventura, ou, ainda, que te afaga ao se emocionar com um conto. Neste espaço hipertextual, você poderá tecer análises críticas sobre as obras e os autores discutidos nas tele-aulas, como também postar sugestões de leitura, links interessantes, propor debates sobre obras literárias e ir além nesse infinito virtual!







Convidamos você a, conosco, deitar e rolar nesta nossa nova rede! Para que suas postagens possam contar para as avaliações do seu curso, não se esqueça de sempre colocar seu nome completo, RA e a que polo está vinculado.











terça-feira, 18 de maio de 2010

A Paixão Segundo G.H. - Clarice Lispector



“Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar como que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso queria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque sabia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi – na confirmação de mim eu perderia o mundo como o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.




Se eu confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser – se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.


Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar procurar.


Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tãoamplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la –, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo”

(Clarice Lispector – A Paixão Segundo GH)


Para os leitores de Clarice Lispector, este trecho do genial romance "A Paixão Segundo G.H.", não precisaria estar assinado por esta grande escritora brasileira – embora nascida na Ucrânia – já que é um símbolo do estilo que desenvolveu. Suas obras acentuam o interior, o subjetivo, e rompe com o factual, de forma que a própria subjetividade parece estar constantemente em crise. Muito narcisista? Não diria isso, ao contrário, diria definitivamente clariciano!

Gostaríamos, então, que lessem trechos de sua obra - contos, poemas, romances, etc. – e postassem aqui passagens que expressem, em sua opinião, essa exacerbação do interior, tanto encontrada em Clarice.


Encontramos alguns sites na rede que podem servir de fonte para essa nossa busca de Clarice:
http://www.claricelispectorclarice.blogspot.com/
http://claricelispector.blogspot.com/
http://www.claricelispector.com.br/
http://sempreclaricelispector.blogspot.com/


Não se esqueça de incluir, ao final do trecho que escolher, o nome do texto original, bem como seu nome completo, RA e a cidade do polo onde estuda.



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